Bem vindos de novo ao A8!
Percorridas três viagens, três aproximações, três tentativas de diálogo com uma ideia de programação, de cidade e de tempo, o A8 envereda por um breve retiro, criando um espaço intercalar de análise, de pesquisa e de experimentação assumido em toda a sua plenitude, orientado a partir das questões da participação, da fluidez e do sentido do local.
Surge assim uma extensão laboratorial do Festival A8_Artes em Curso, o A8lab!
O A8lab quer ser um espaço interdisciplinar de diálogo, de prospecção e de risco ‘a descoberto’: artistas em processo de criação; residências abertas; apresentações públicas; projecções cinematográficas; workshops; conversas informais; performances; exposições e instalações no espaço público; visitas orientadas; laboratórios de improvisação; espaços de reflexão; edição; espaços de convívio informal; encontros de especialistas e observação de processos.
Com todas as inquietações que qualquer retiro põe a descoberto e que qualquer investigação naturalmente pressupõe – e sem expectativas desmesuradas - arrogamo-nos a necessidade de aprofundar alguns dos assuntos levantados pela implementação das anteriores edições do Festival (2002, 2003 e 2004, formatos e diversidades programáticas consideradas), facto ao qual não será estranho o momento de re-localização que se opera em toda a extensão do trabalho da Transforma AC.
A interacção da obra de arte com o observador e com o lugar onde a acção ocorre e ambos se localizam, apesar de não ser uma prática nova (as manifestações site-specific minimalistas dos anos sessenta já o faziam), incorpora contemporaneamente um entendimento sobre a função social da arte (muito por via do lugar ser actualmente entendido enquanto espaço socialmente produzido [Lefebvre, Henri]), que pressupõe a instauração de uma outra prática cultural – participatória, paralela às práticas instituídas que se sustentam numa “cultura de assinatura” e no trabalho artístico centrado no objecto.
É acerca da possibilidade de implementação de outras formas de relacionamento entre as práticas artísticas e as sociedades actuais, considerados a especificidade da localização e dos contextos sócio-culturais que acolhem essas práticas, que trata o A8lab.
É aqui que se localiza a necessidade de prospecção e o espaço risco, o risco de querer ser do seu tempo, da sua cidade, de ser acessível e contaminante.
A este A8lab sucederá em 2006 um outro evento também intercalar, com carácter de antevisão daquilo que poderá vir a ser em 2007 o retomar do formato festivo do A8.
Um A8 renovado voltará, assim esperamos, em 2007.
Luís Firmo, Direcção Artística