Mobilidade Portugal

(H)ojeLuza_Animação Digital Colectiva

Um evento do colectivo GenerationXover

 

 

Apresentação Pública:

 

Dia 9 de Março 2012 . 18h00
Transforma, Praça do Município
Torres Vedras

 

“Das estruturas que se movem àquelas em que nós nos movemos, as poéticas contemporâneas propõem-nos uma gama de formas que fazem um apelo à mobilidade das perspectivas, à múltipla variedade das interpretações. (...) nenhuma obra de Arte é de facto fechada, pelo contrário, cada uma encerra, na sua definitude exterior, uma infinidade de ‘leituras’ possíveis.” – Umberto Eco, Obra Aberta

 

(H)ojeLuza certamente reflecte uma vasta “mobilidade de perspectivas” produzidas pelo trabalho dos participantes do projecto GenerationxOver provenientes de diferentes nacionalidades e de variadas origens sociais, culturais e profissionais. Este grupo encontrou no estudo do Azulejo Português a linguagem unificadora que lhes proporcionou uma significativa “abertura” para a produção desta instalação que foi preparada ao longo de extensas sessões de workshops com a finalidade de proporcionar aos participantes uma aprendizagem e interacção sociocultural que doutro modo lhes seria desconhecida. A diversidade e interdisciplinaridade dos participantes, e, a variedade de estruturas associadas ao azulejo motivou a projecção de uma animação digital colectiva, (H)ojeLuza, que visualmente se compara ao “mundo multipolar de uma composição serial”. Esta pluralidade foi conseguida através da exploração de um forte sentido de grupo e das questões inerentes ao papel da individualidade de cada um num Todo – ou seja, num colectivo. A visão holista intrínseca a esta avaliação projecta-se nos módulos que cada um escolheu trabalhar e que não só formam o padrão referente a cada partícipe – como se cada um se espelhasse repetidamente – mas também porque a raíz geométrica de cada padrão origina inevitavelmente outro padrão e assim repetidamente ad infinitum.
A projecção animada desta “teia” serial, ou composição fluída de módulos e padrões tem como “tela” uma matriz imutável quadriculada própria dos painéis de azulejo Portugueses, que se assume como base “constante” sobre a qual são incididas luminosamente “variáveis” efémeras e permutáveis, que não obstante, são recorrentemente cíclicas.

Elas correspondem aos interesses, perspectivas, sentimentos, carácter, naturezas, preocupações e vidas particulares daqueles que completaram os módulos que formam a instalação (H)ojeLuza:

Alda Nicolau (PT), Ana Esteves (PT), Ann Delye (BE), Ewout Vanhoecke (BE), Erzsébet Kóti (HU), Hilde Goossens (BE), Hilde Veys (BE), Jenöné Gulyás (HU), João Firmo (PT), Jozefa Knavs (SL), Liesbet Senepart (BE), Linda Chiroli (BE), Luísa Cruz (PT), Manuela Cruz (PT), Mariana Vicente (PT), Marie-Christine Schotte (BE), Mija Locniskar (SL), Réka Livits (HU), Spela Koren (SL), Tamásné Somossy (HU), Trindade Santos (PT), Valentina Locniskar (SL).


Concludentemente, usando a temporalidade inerente ao filme, (H)ojeLuza, pondera alguns assuntos políticos, poéticos, ecológicos, experimentais, abstractos, humorísticos, sociais... que são enfatizados pelo movimento de maximização, minimização e sobreposição da textura espacial do trabalho numa circulação fractal que demonstra a importância da individualidade humana na unidade da humanidade.

 

“O mundo multipolar de uma composição serial (de Arnold Schoenberg e de John Cage) – onde o fruidor não condicionado por um centro absoluto, constitui o seu sistema de relações fazendo-o emergir de um contínuo sonoro em que não existem pontos privilegiados, mas onde todas as perspectivas são igualmente válidas e ricas de possibilidades – parece muito próximo do universo espácio-temporal imaginado por Einstein, no qual ‘tudo o que para cada, um de nós constitui o Passado, o Presente e o Futuro, é dado em bloco, e todo o conjunto dos acontecimentos seguintes (do nosso ponto de vista), que constitui a existência de uma partícula material, é representado por uma linha, a linha do universo da partícula... cada observador, com o passar do tempo, descobre, por assim dizer, novas porções do espaço-tempo, que lhe aparecem como aspectos sucessivos do mundo material, se bem que na realidade, o conjunto dos acontecimentos que constituem o espaço-tempo já existia antes de ser conhecido.” – Umberto Eco, Obra Aberta

 

Escrito por Margarida Sardinha – orientadora do trabalho colectivo (H)ojeLuza em colaboração com a Transforma e o Projecto GenerationXOver no âmbito do Programa Grundtvig
16 de Fevereiro de 2012, Carrascal, Portugal

 

 

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Veja o video da apresentação - (H)ojeLuza -